Imperfeição Fabricada
sex , 24/9/2010 Mariana Weber Mulheres Tags: estética, moda
Modelos com os dentes da frente separados, à la Brigitte Bardot (e Zélia Cardoso de Mello), estão na moda – como já mostrou a blogueira Martha Mendonça. Segundo o Wall Street Journal, elas foram privilegiadas nas seleções para a última temporada de desfiles de Nova York. Trata-se, de acordo com Stefano Tonchi, editor-chefe da revista W, de um “amor pelo imperfeito e pelo autêntico”.
A princípio, a mensagem poderia ser positiva: não é preciso ser perfeito para ser belo. Mas o apreço por modelos com diastema – como é chamada essa separação entre os dentes – já fez pelo menos uma vítima. Em um programa recente, Tyra Banks, apresentadora do America’s Next Top Model, sugeriu que uma das concorrentes do reality show alargasse o vão entre os dentes – exagerando uma característica que ela já tinha. Na cena seguinte, lá está a moça na cadeira do dentista (clique na foto abaixo para ver o vídeo, em inglês).
Detalhe: segundo o site Jezebel, outra aspirante a modelo foi orientada a diminuir o espaço entre os dentes em uma edição anterior do programa – e assim ganhou a competição. Ou seja, daqui a alguns meses, quando a moda do diastema passar, talvez a garota em questão, já fora do reality show, precise se submeter a um novo procedimento em nome da profissão, dessa vez para colocar facetas ou sei lá o quê para esconder o vão. Resta torcer para que o dentista que lixou os dentes da moça faça o conserto de graça.
*Respiro fundo antes de começar* Primeiro foram as cirurgias estéticas para aproximar a mulher de um padrão estético Barbie, não natural. Depois foram as doenças e disturbios alimentares, como anorexia e bulemia. Agora, busca-se a imperfeição? Então se eu não tenho meus dentes frontais separados, estou fora dos padrões de beleza?
No ramo da moda, eu até entendo tendências de cortes de cabelo, cortes de roupa, cores, maquiagem. Mas a fisionomia humana não deve ser manipulada! E mais uma vez o Senso Comum esmaga e cria mais e mais vítimas. Temos que ser bonitas, atraentes, temos que ser esbeltas, magras. Temos que alisar o cabelo, cachear o cabelo. Temos que nos pintar todas as manhãs. Temos que ser o mais próximo possível da modelo da revista. Eu mesma acordo todo dia mais cedo para poder dar retoques no visual, maquiagem, cremes, ajeitar o cabelo. Tudo imposto para a mulher com o Senso Comum, através de imagens de revista, dicas e dietas em revistas femininas, vídeos com a idealização da mulher ideal.
Mas como descontruir algo que está tão profundamente enterrado em nossa cultura? O problema aqui não é seguir os padrões de beleza, mas sim buscar um modelo perfeito de beleza. Não há beleza padrão, modelo. Somos todas diferentes, e temos todas uma marca unica. Magra, gorda, alta, baixa, ruiva, morena, loira. E temos que buscar em nós mesmas a nossa própria beleza. O que nos torna feliz em nós mesmas, e não o bonito de outra que querems em nós mesmas, não o que os outros querem que seja bonito em nós. Busque a sua felicidade naquilo que você tem. E sinta-se bem, coma aquele chocolate que a meses não comia por que queria perder peso, se olhe no espelho, nos seus olhos e sorria. Por que a busca pelo impossível termina aqui. Faça o bem, por você, uma boa ação para outra pessoa, e deixe que esse bem possua o seu corpo. Vale muito mais, e faz você se sentir muito melhor do que uma plástica. Invista em você mesma. Estude, ajude os outros, sorria sempre, reflita.
Aprenda e descubra você mesma como desconstruir o senso comum da beleza feminina, da sua maneira...